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Perdida: Um amor que ultrapassa as barreiras do tempo - Carina Rissi


Sofia Alonzo tem 24 anos, trabalha em um escritório, se formou em Administração para "garantir o sustento" e, apesar de não ter parentes, tem sua grande amiga Nina e seu 'Namarido' Rafa, sempre para animá-la e ajudá-la.  Ela não acredita em amor. Depois de sofrer algumas desilusões amorosas, agora ela acredita que os relacionamentos só são feitos de atração física e não duram muito se não forem aprovados no 'Test-Drive". Casamento é uma coisa que não existe no seu atual dicionário. 
Na comemoração de "ajuntamento" de Rafa e Nina em seu novo apartamento, Sofia fica bêbeda e acaba perdendo o celular no banheiro do bar. É claro que uma garota tecnológica como ela simplesmente não pode viver sem um destes. Logo, vai a uma loja para adquirir outro aparelho. Porém, o que ela não esperava era que o seu novo brinquedinho estava um tanto "amaldiçoado" e a manda de volta ao Brasil do século 19. 
Desesperada em se ver em um lugar que nem ao menos tem um banheiro com chuveiro, Sofia tenta achar uma explicação lógica para o que aconteceu e uma forma de voltar para sua antiga vida. 
Ian Clarke é quem a ajuda nessa busca e acaba por se apaixonar por ela. E a paixão inesperada não estava "no esquema". Como um rapaz com todos os modos pitorescos do governo imperial vai se relacionar com uma garota que fala gírias, tem menta aberta (até demais) e que não se adapta aos costumes do tempo clássico? A pergunta inversa também perturba a mente de Sofia, que ainda complementa que "sua mente suja vai acabar estragando tudo". Mas, ela mal poderia esperar o que estava por vir...
O Senhor Clarke é sim um "menino comportado", mas não se engane muito: ao se apaixonar, seu lado devasso desperta e até os palavrões das poesias de Bocage [Confira poemas em 1 e 2entram em cena (Bocage, Ian?! Com tanto poeta o moço foi ler logo o mais...). Mas por ele querer dar várias moedas de ouro pela "impressionante" caneta BIC, eu perdoo o senhor Clarke pelo seu tropeço. (rs)

"— Onde aprendeu aquela palavra? — perguntei, queimando de curiosidade.— Qual? — ele disse confuso.— Porra! Onde aprendeu isso? (...) — Eu leio muito. — explicou envergonhado.— E aprendeu isso num livro? — instiguei ainda mais interessada. — Um livro que tem porra escrito nele? De verdade?Ele corou.—Sim. E não repita o que eu disse, por favor.— Que livro é esse? Deve ser um autor revolucionário! — Ele relutou, parecia muito embaraçado. Mas acabou me dizendo.— Bocage. — sua voz tão baixa que mal pude ouvir."



Inspirado nos contos de fadas, "Perdida" é igual e diferente de todos eles. Uma comédia romântica das mais divertidas. Com sua estória "muito doida", como diria Sofia, Carina nos mostra um Brasil de dois século atrás, com seus costumes, vestimentas e formas de se expressar. E o conflito que seria os nossos costumes atuais, bem mais liberais, se comparados com o de uma época de reis e rainhas. O Brasil colonia com toda certeza teria um infarto se visse como as mulheres e homens se comportam nos dias atuais.

Carina lançou um capitulo extra com a conversa de Ian e o empregado Gomes, que acrescenta mais alguns pequenos detalhes na estória, como os pensamentos de Ian, logo após ser flagrado com Sofia. O livro narra a trama pelos olhos de Sofia, então é uma rara chance de ver a estória pelos olhos de Ian. Para visualizar clique aqui.

A alteração na real história desse período no Brasil, apesar da fidelidade dos costumes, omitindo o fato de ter escravos e não criados trabalhando para os senhores de terras. Ainda incluiu na narrativa o fato de Sofia persuadir Ian a chamar-los de empregados e não criados. Achei muito honroso da parte da escritora acrescentar detalhes bons e omitir detalhes que poderiam não ter existidos em nossa história. 
Segundo a autora, "... além de hediondo, é muito vergonhoso para nossa história. E como no mundo do faz de conta tudo é possível [...] simplesmente decidi que a escravidão nunca acontece."

Eis um grande incentivo para a leitura dos nossos escritores contemporâneos. Com "Perdida", muitas pessoas se encontrarão no prazer de devorar livros. 

By Gisleine N.

Comentários

  1. A escrita da Carina é estimulante te tão cativante que as suas personagens são. Gostei bastante da Sophia e o Ian, mas a estoria de Alicia e Max também é muito boa.
    Não consigo escolher entre um livro e outro, creio que amos todos igualmente, Perdida ou Procura-se um Marido, te prende da primeira pagina a ultima e sempre te surpreende.

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