By Gisleine N.
Vinte anos atrás, a extinta Rede Manchete trouxe à TV aberta brasileira a febre da animação japonesa (os chamados "animes") e se tornou um marco para toda uma geração. O primeiro episódio foi exibido em um quinta-feira, em horário nobre, e a série chegou a ter picos de audiência de 18 pontos no IBOPE. Sob o nome de Os Cavaleiros do Zodíaco, tradução adaptada do nome original Saint Seiya, a franquia foi um sucesso meteórico no final do século passado. Vendeu brinquedos e outros produtos às crianças e aos adolescentes, mesmo com os animes tendo sido considerados pelo governo como violentos demais para a faixa etária.
Na tentativa de conquistar novos fãs e vender produtos aos velhos seguidores, a Toei Animation começou a renovar a franquia em 2003 com Saint Seiya: A Saga de Hades, uma nova série de animação (OVA) que continua o enredo do mangá não abordado pelo animê original concluído em 1989 na TV japonesa. Em 2004, os cavaleiros voltaram a elevar o cosmo na TV aberta brasileira, mas sem muito alarde: diversas séries pretendendo continuar a saga aparecerem, como Saint Seiya Omega e Saint Seiya: The Lost Canvas, mas sem o sucesso dos anos 90.
Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário teve sua estreia nos cinemas brasileiros em 11 de setembro de 2014 e faz uma releitura da primeira temporada focando a tão conhecida batalha das 12 Casas.
A estória original....
Pare entender as semelhanças e diferenças da adaptação é necessário acompanhar o original, por isso, segue aqui um brevíssimo resumo da estória de Seiya e seus amigos.
Os cinco guerreiros são órfãos treinados e enviados a diversas partes do mundo para se tornarem cavaleiros de bronze, adquirirem suas armaduras e proteger Athena - a deusa da Guerra.
Saori Kido é a reencarnação da deusa que aparece a cada 1.000 anos para proteger a Terra. No inicio, o relacionamento entre ela e os cavaleiros é problemático, afinal a jovem é uma menina mimada por seu falecido avó e trata a todos com desprezo. Após descobrir sua verdadeira identidade, Saori e os cavaleiros se unem para derrotar o mal que domina o santuário na Grécia, local onde Seiya conquistou sua armadura de Pegasus.
Ao chegar no santuário, depois de muitas batalhas, Saori é atingida por uma flecha dourada no peito, ao meso tempo em que o tempo começa a correr no relógio de fogo das 12 casas: os cavaleiros tem exatamente 12 horas para atravessar as 12 casas do zodíaco, derrotando seus guardiões, os poderosos cavaleiros de ouro, e salvar Athena. Conta com 73 episódios no animê e 18 volumes no mangá.
Voltando a adaptação ...
Em A Lenda do Santuário, a Saga das 12 Casas do Zodíaco são reimaginadas através de uma belíssima animação em CGI com pouco menos de duas horas, voltada para atrair novos fãs. O filme também foi produzido para comemorar os 25 anos do encerramento do animê original no Japão, os 40 anos de carreira do mangaká Masami Kurumada e os 20 anos da estreia de Os Cavaleiros do Zodíaco no Brasil.
O universo de Saint Seiya é realocado para um cenário futurístico, com um Santuário Grego flutuante e interativo, por exemplo. As principais batalhas tem seus elementos essenciais mantidos, como Seiya precisar arrancar um dos chifres do Touro para avançar sua casa, mas outros fatores são omitidos ou substituídos. Como não foi possível introduzir as duas Amazonas de Prata, elas foram substituídas pela Amazona de Ouro da Casa de Escorpião, tal como já aconteceu em Saint Seiya Omega trazendo a Amazona de Ouro da Casa de Gêmeos.
Trata-se de uma bela homenagem ao material original, trazendo a grande maioria dos personagens do mangá e animê, ainda que, devido ao tempo limitado, não tenha sido possível desenvolver todos os elementos.
Pessoalmente, gostei da releitura. As armaduras estilo "Transformers" se encaixaram perfeitamente no universo futurístico da animação. Saori também é mais decidida - somente demonstra aquela confusão inicial ao descobrir-se uma deusa grega - e já utiliza o poder de seu Cosmo desde criança ao curar Seiya (Desabafo: queria que a original fosse assim, boazinha e compreensiva, porque a Saori da década de 90 não curava o Seiya e sim judiava dele rs). Com relação aos cavaleiros de bronze, eles se parecem mais com os adolescente de 15\16 anos que são: Seiya é o piadista que está sempre de bom humor ( O palhaço da turma), Shun é o pacificador ( O tranquilo), Ikky é o renegado ( O bad boy do pedaço - tem até um brinco na orelha), Hyoga continua com seu estilo meio desconfiado (O galã ) e Shiryu está sempre "equipado" para lutar e tem todas as explicações (O nerd). Já dentre os cavaleiros de Ouro, adorei o Mu de aries de óculos e ri do Mascara da morte que, apesar de continuar sendo o mais cruel, aqui ele me lembrou os vilões Disney (com direito a canção desafinada e sem ritmo do coro das "cabeças de câncer").
Um ponto falho foi a ausência das músicas marcante do animê, apenas o trailer trazia Pegasus Fantasy, mas não o filme.
Por fim, a dublagem foi perfeita. Os dubladores brasileiros trazem de volta as vozes dos cavaleiros da versão dos anos 90. São os mesmos profissionais, com exceção do falecido dublador de Camus de Aquário, substituído por uma pessoa excelente e capaz de reproduzir a voz do dublador original.
Os fã de longa data, muito apegados as formas tradicionais, devem assistir o filme com a mente aberta e consciente de que se trata de um outro universo.
Acompanhei o original e, quando vi a opinião de alguns fãs, não acreditei. Se quer consideraram os ótimos gráficos e a dublagem perfeita. O animê\mangá original continuam intocados. Esta animação CGI não tenta substituí-los.
Cavaleiros do Zodíaco (Saint Seiya: Knights of the Zodiac; 聖闘士星矢(セイントセイヤ)
Gênero(s): Aventura, Fantasia, Shounen
Assista Online: Os Cavaleiros do Zodíaco
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