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A Culpa é das Estrelas - John Green

By Gisleine N.
Editora: Intrínseca
Páginas: 288

O romance foca o relacionamento de dois adolescentes cancerígenos: Hazel de 16 anos (com câncer na tireóide), dependente do seu cilindro de oxigênio, e Gus (osteosarcoma), com uma prótese no lugar da perna amputada.
A pedido de sua mãe, Hazel começa a frequentar um grupo de apoio à jovens com câncer, onde conhece Augustus – ou Gus - um jovem jogador de basquete que perdeu uma perna. Gus se encanta imediatamente por Hazel, pois, segundo ele, a garota é similar a atriz de V de Vingança
No decorrer da estória, os dois se apaixonam, mas ambos sabem que seu amor será interrompido pela doença fatal que carregam. Hazel tem uma forma mais realista de pensar, às vezes otimista, outras pessimista de acordo com a situação. Já Gus só pensa em viver um dia de cada vez, deixando sua marca na história, afinal seu maior medo é ser esquecido. 

“A tristeza não nos muda, Hazel. Ela nos revela.”

O sonho de Gus é, assim como nos games, morrer heroicamente salvando alguém e, dessa forma, ser para sempre lembrado. Hazel, por outro lado, não quer ser a "granada" que explode machucando todos ao seu redor. 

Esther Grace, a jovem que inspirou John Green para a personagem Hazel Grace

The Fault in our Stars (A Culpa é das Estrelas) foi lançado em 2012 e teve grande repercussão. Sua leitura é fácil e conquistou muitas pessoas devido ao tema abordado. O filme, derivado do livro, é fiel aos acontecimentos e sua estreia foi um sucesso com grande reconhecimento em Hollywood.

O fato é a categorização do livro em um determinado gênero (no caso, ficção young adultficção para jovens adultos, em tradução livre) cria certos preconceitos em alguns leitores, pois, a primeiro momento, soa apelativo em vários níveis. As editoras precisam também ter um cuidado especial na questão da tradução. É preciso evitar aquela narrativa maçante, difícil de terminar, onde fica tudo muito infantilizado. E foi essa a minha primeira impressão - agora, a questão é: isso é um problema da tradução português-Brasil ou do autor John Green? 

A intenção final é retratar uma história de superação não só de uma doença que por anos foi tabu, mas também da perda de pessoas queridas, de relacionamentos interrompidos e de famílias destroçadas, mostrando o isolamento, a solidão e o preconceito sofrido pelas pessoas com a deficiência. Afinal, John Green se baseou no caso real de Esther Grace (foto) que realmente teve a doença, sua amiga que morreu dia 25 em agosto de 2010, logo apos completar 16 anos. Esther Grace Earl e John Green se conheceram em uma conferência em 2009 para fãs de Harry Potter e, desde então, viraram amigos. 

Canal do Youtube de Esther
Esther, que em persa, significa “estrela”, nasceu em Agosto de 1994, e foi diagnosticada em dezembro de 2006 com carcinoma papilar da tireoide (um tipo de câncer maligno), já com metástases no pulmão. Com o tumor nos pulmões, ela precisou usar tubos de oxigênio para auxiliar na respiração, ficando assim cada vez mais difícil se locomover. Por esta razão, ela começou a criar amizades online através de seu canal do Youtube chamado cookie4monster4, criado no final de 2008.

“ É importante dizer que Esther era muito diferente de Hazel e que eu certamente não quis me apropriar da história dela. Mas eu jamais poderia ter escrito este livro se não a tivesse conhecido. Ela inspirou cada palavra.”  (John Green)

O sonho de Esther, segundo seu pai, era ser escritora, ela começou a escrever histórias aos 5 anos e nunca mais parou. Seu pai pretendia publicar suas cartas, diários e contos de forma independente, mas primeiro apresentou o trabalho para John Green. O autor mostrou a obra para seu editor, que decidiu publicá-la juntamente com fotos da família focando os últimos dois anos de vida da adolescente, dando origem ao livro intitulado “This Star Won’t Go  Out: The Life and Words of Esther Grace Earl”, com prefácio de John Green e anotações dos pais de Esther.
Existe também uma fundação chamada “This Star Won’t Go Out” (Essa estrela não se apagará) que foi criada pela família de Esther. A instituição ajuda financeiramente famílias com crianças com câncer. 

"Esse é o problema da dor. Ela precisa ser sentida."

Por se tratar de uma história de ficção romantizada, o livro explicitamente traz, por exemplo, a questão "dos benefícios de se ter câncer". Na realidade, todos sabemos que não há beneficio algum. Ninguém vai pagar uma viagem para onde quiser, cheia de mimos, só por ter uma doença cruel e incurável. Mas, se você quiser se aprofundar na história, não pare somente no livro, vai perceber que há muito mais além disso. É preciso ler este livro entendendo o por trás da ficção para realmente dizer que é bom. Se você somente ler pode cair na "primeira impressão" e realmente achar o livro chato e ruim.
Ressalto que este tipo de leitura realmente não vai agradar a todos e também não vai fazer qualquer pessoa sair aos prantos como a critica faz parecer (pessoalmente, não senti emoção alguma no filme e, no livro, também não senti vontade de chorar), mas é uma forma de se ter interesse em conhecer mais sobre essa terrível doença e como as pessoas que as tem vivem cada dia como se fosse o último.

“Alguns infinitos são maiores que outros.”



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